Os espaços ao ar livre das casas ou apartamentos, por pequenos que sejam, podem ser um pequeno refúgio para nós. Podem servir como distração para fazermos uma pausa, para passar alguns momentos de lazer ou simplesmente para saber que tempo faz… Muitas vezes são também o reflexo, mais ou menos público, do gosto de cada um, do nível de aprumo ou da imagem que se quer projetar.
Quem nunca olhou para as varandas floridas da Lisboa antiga e pensou: Como é possível ter plantas tão cuidadas? Ou reparou no contraste entre pequenos espaços aproveitados com plantas que ocupam cada centímetro disponível e outros espaços enormes, despidos, por usar…
Uma varanda ou um terraço são claramente uma mais-valia numa casa, então porque costumamos tratar estes espaços tão mal?
Há vários factores que vão desde a falta de tempo à gestão de prioridades (onde prima naturalmente o conforto interno da casa), mas as razões mais comuns são: “Não tenho jeito para as plantas, tudo o que compro morre…”, “não tenho tempo…” ou “na minha varanda faz muito calor/frio/sombra e é impossível…”.
A verdade é que se não pusermos mãos-à-obra é impossível ter êxito, mas é igualmente importante planificar: Para que quero esse espaço? Como gostaria que fosse? É para passar algum tempo nele ou só para vê-lo de dentro/fora de casa? Vou poder tocar, cheirar as plantas? Vou poder aproveitar essas plantas para algo mais?
Quais são então os 5 factores mais importantes na eleição das plantas?
1. A exposição e orientação solar - Se a fachada da casa estiver orientada a norte haverá um predomínio de sombra durante grande parte do ano, se for a sul há uma grande exposição ao sol que provavelmente incrementará a necessidade de rega.
As plantas costumam adaptar-se melhor às condições que reproduzem o seu habitat natural. As que se desenvolvem naturalmente em bosques debaixo das copas das árvores, por exemplo, são normalmente plantas de sombra ou meia-sombra enquanto que as próprias de campos abertos são plantas de sol. Como regra geral as plantas de sol costumam apresentar florações mais vistosas e abundantes enquanto as de sombra são mais discretas.
2. A rega – É um factor limitante para ter plantas em varandas. As plantas em vasos ou floreiras estão inseridas num ambiente que não é o mais adequado ao seu desenvolvimento, estão limitadas na sua capacidade de buscar recursos naturais como a água ou o solo. A rega é fundamental para mantê-las vivas e em bom estado.
Há que seleccionar criteriosamente o tipo de plantas de acordo com a capacidade que vamos ter para regá-las não esquecendo os períodos críticos em que não estará ninguém para o fazer. Pode ser frustrante e uma perda de tempo e de recursos, ver como cada ano, as plantas morrem, por falta de cuidados, depois de um período longo sem hóspedes.
Se não há a possibilidade de pelo menos instalar um sistema de rega simples (programador de torneira) ou de pedir a alguém que faça o favor de regar na nossa ausência, é melhor seleccionar plantas suculentas ou outras muito resistentes à secura.
Não devemos contar com a água da chuva para a rega: Embora em terraços a água da chuva nos possa dar uma ajuda à rega, sobretudo no inverno, nas varandas a água que chega às plantas não é suficiente.
3. O tamanho e a forma – Como todos os seres vivos, as plantas desenvolvem-se e crescem alterando a sua forma e tamanho originais.
É importante saber que tipo de desenvolvimento tem cada planta para saber se o espaço que temos disponível e as formas são adequados. Há por exemplo plantas de porte colunar, com forma arredondada, cobre-solos, decumbentes, trepadeiras, etc.
Embora o tamanho dos vasos limite o desenvolvimento, é importante que o espaço disponível para as raízes não se esgote rapidamente. Por outro lado, não é desejável criar um desequilíbrio entre a copa e a parte enterrada que ponha em causa a estabilidade da planta.
4. Aspecto Estético - As plantas escolhidas deverão apresentar formas, tamanhos, texturas e cores mais contrastantes ou homogéneas de acordo com os efeitos estéticos pretendidos.
Ao seleccionar o elenco vegetal deverá também ter-se em conta a perenidade da folha, o tipo e época de floração e frutificação (se houver) de modo a manter um aspecto de conjunto agradável todo o ano.
5. Manutenção – Normalmente para varandas, terraços ou pátios escolhem-se plantas resistentes à seca e bem-adaptadas às condições bioclimáticas locais.
Plantas muito exigentes requerem cuidados e atenções especiais por parte de especialistas. Requerem também uma aportação regular de nutrientes, podas especiais, protecção contra o frio, etc. Devem escolher-se plantas com manutenção simplificada e que não produzam muitos detritos (atenção a eventuais moléstias causadas a vizinhos).
Normalmente as espécies da flora local são as que melhor se adaptam e que menos problemas costumam causar pela sua maior resistência a pragas e doenças.